domingo, 10 de agosto de 2008

Despedida

Carta escrita em 04 de abril de 2008.

É estranho pensar em como tudo mudou tão rapidamente. Sentimentos que pareciam eternos foram evaporando com o tempo. Não deixo de pensar que talvez tenha sido culpa minha o rumo que as coisas tomaram. Mas aí eu me lembro que tentei, tentei até demais, e foi em vão. E a verdade é que eu também cansei de me culpar por tudo que deu errado. Meus melhores momentos foram ao teu lado. Foi difícil demais dizer adeus pra tudo isso. Dizer que não me importo seria uma mentira. Eu terei que aprender a viver sem você e não será fácil. Se bem que você facilitou bastante as coisas se afastando do jeito que afastou. Não tenho nem idéia do que você está fazendo agora, mas eu queria que estivesse comigo. Fazendo alguma coisa ou não fazendo nada. Tanto faz. Mas queria você aqui. Eu sempre achei que nada entre nós teria fim. Que independente do que acontecesse nossa história duraria pra sempre. E foi assim por um bom tempo. Entravam e saíam personagens na nossa trama, mas os protagonistas permaneciam os mesmos. Eu sempre pensei que talvez um dia você precisasse de mim como eu precisava de você. Tentei de tudo pra te fazer feliz. Te dei minha amizade, todo meu amor, meu carinho e meu coração. Mas não foi suficiente. Existia uma esperança que mantinha meus sonhos vivos e fazia com que eu não desistisse apesar das inúmeras derrotas. Fazia algum tempo que algo não estava certo. Talvez nós tenhamos demorado demais para perceber. Talvez algo já estivesse errado desde o começo e nós não quisemos enxergar. Eu não deveria ter deixado meus sentimentos chegarem assim tão longe. Fiquei totalmente dependente e vulnerável. Na verdade, eu deveria ter me afastado logo no início, mas não consegui. Tinha algo em você que sempre me atraía pra perto. Nós sempre nos demos bem desde o começo, isso não se pode negar. Algumas brigas se tornaram freqüentes. Os motivos? Os mesmos. O que incomodava tanto aqui dentro. E no fim de todas as nossas brigas, nós resolvemos relevar tudo e fingir que nada aconteceu. Infelizmente fazer isso pode funcionar na hora, mas com o passar do tempo as mágoas vão acumulando e chega uma hora que não dá mais para agüentar. Nosso jeito de resolver os problemas sempre foi bem prático: deixar de lado. Não que não tenha funcionado, mas nós nunca discutimos o que estava errado e o que fazer pra melhorar a situação. E acho que é assim que um relacionamento funciona. Talvez por esse modo mais prático de lidar com os problemas nossa relação foi se deteriorando. Entenda que eu não estou dizendo que o que passamos não significou nada pra mim, porque significou demais. Você esteve presente em todos os meus dias e eu me acostumei com isso. Perdi a conta de quantas vezes dormi pensando em você e em quantas outras acordei pensando em você. Durante esse tempo eu fui feliz como jamais fui em toda a minha vida. Eu encontrei em você tudo que procurava. Lembra do teu aniversário? Eu me empolguei tanto. Fiz três surpresas, querendo ver o teu sorriso florescer. Naquele dia você agradeceu e falou algo do gênero “prometo que vou fazer várias surpresas no teu aniversário também”. Mas, quando chegou o dia, confesso que você me decepcionou. Eu adoro receber presentes, você sabe. Mas presentes a gente recebe qualquer dia. Aniversário não é todo dia. Aniversário é um dia especial, pelo menos para mim. Pode parecer bobeira, mas esse teu ato de indiferença machucou bastante. E não era a 1ª vez que você tinha esse tipo de atitude comigo. Eu comecei a sentir o que eu já desconfiava: eu não era tão importante para você como no começo. Passei a ser uma personagem secundária e completamente substituível em meio a tantas outras atrações. E a sensação de estar em segundo plano não é nada agradável. Mas eu sempre procurei guardar as minhas tristezas para mim. Eu procurava evitar esse assunto porque tinha medo de te perder. Ele só vinha à tona quando realmente tava apertando muito aqui dentro. Tudo que eu fazia era pensando em te agradar. E você sempre me perguntava: e eu pedi pra você fazer isso? Não, você não pediu. Mas a vontade de te agradar era espontânea. Não me pergunte a razão desse comportamento porque eu não saberia explicar. Eu só queria que desse certo, porque eu amava você e era de verdade.A conseqüência disso tudo foi o esgotamento. Esgotei minhas tentativas de “recuperar” você de voltar para mim. As forças que eu ainda tinha para lutar pela gente, esgotaram. Eu tive que me convencer que o que aconteceu foi bom, mas que o final da nossa história tinha mudado e que nós não fizemos por merecer. Com certeza existem motivos pra eu continuar na luta, mas a neblina não me deixa vê-los. E se, no final de tudo, a luta não valer para nada? Como eu ficaria? Com as mãos vazias e sem você de volta para mim como foi um dia. Não é tão simples deixar as coisas pra trás. Nunca foi. Ainda mais se tratando de você.

Até mais.