sexta-feira, 11 de junho de 2010

vice e versa.

"Longe dela, ele acordava pensando que a vida mudou pra melhor. Longe dele, ela acordava pensando em como mudar. Sem ela, ele não cantava mais as músicas que cantou pra ela. Sem ele, ela queria aprender musicas novas. Sem ela, ele só dormia com a televisão ligada. Sem ele, ela não queria assistir televisão. Quando ele a viu pela ultima vez, ele queria parar o tempo. Quando ela o viu pela primeira vez, ela sabia que essa hora ia chegar. Quando ele pensava nela, ele aumentava o volume do rádio. Quando ela pensava nele, ela queria estar em outros braços. Os dias pra ele, passavam rápido demais sem ela. Os dias dela, eram pela metade. Sem ela, ele era meio vazio. Sem ele, ela era um tanto superficial. Ele queria ligar, não tinha coragem. Ela não queria mais ligar, então apagou o telefone. As vezes ele escrevia sobre ela. Enquanto ela escrevia sua história sem ele. Quando ele queria ser feliz, lembrava dela. Quando ela era feliz, era sem pensar nele. Longe dela ele se perdia. Longe dele ela sabia pra onde ir. Os dois se convenciam que no final era melhor assim. E mesmo sendo melhor assim, ele não esquecia dela e vice e versa.”

Rafael Ribeiro de Oliveira

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Eu sei, você sabe.

Existe um momento na vida de cada um em que é preciso separar tudo que você já viveu daquilo que está por vir.
Existe algo que ninguém pode notar. Ninguém, ninguém além de mim. E eu sei. Eu sei o que acontece quando te cobram demais, quando exigem de você coisas que você não pode dar.
Hoje, depois de tudo, não sei se há como esconder a insegurança da vontade de se deixar levar pelo momento. E acho que somente em momentos como esse, quando palavras se tornam desnecessárias, é que poderemos descobrir o que é ou não é real.
Ainda espero a minha resposta, ainda espero que a resposta venha de você. A minha parte já fiz, permanecendo aqui mesmo sem ter motivos para isso.
E eu não preciso provar mais nada para ninguém. E você não precisa provar mais nada para ninguém.
E somente eu sei o que acontece quando te cobram demais, quando exigem de você coisas que você não pode dar. E isso é algo que jamais farei.
Então, quando perguntarem o que nos liga ainda, depois de tanto tempo, permaneça em silêncio. É algo que só eu e você entendemos a complexidade, o tamanho.
E eu sei que a sua luta para tentar me esquecer durante todo esse tempo foi bem menor do que a vontade de ficar para sempre ao meu lado.

sábado, 4 de abril de 2009

Pela última vez.

Ele partiu sem nenhuma dor. Ela fechou a porta e sua vida continuou de onde estava. Pela primeira vez, ela fechava aquela porta sem sentar na escada e chorar por ele ter ido embora pra sempre. Pela primeira vez, ele saiu sem que ela o observasse partir com o coração apertado. Pela primeira vez, ele foi embora sem deixar uma gotinha de esperança de que ela pudesse tê-lo de volta na vida dela. Pela primeira vez, ele partiu sem que eles tivessem trocado mais do que um abraço apertado. Pela primeira vez, ele se foi sem que eles tivessem remexido o passado ou chorado porque alguma coisa não deu certo entre eles. Pela primeira vez, ele foi embora de verdade. Pela última vez, ele foi embora.

Aproveitando a solidão.

Talvez porque ela goste de chegar em casa sozinha. Tirar suas roupas e se jogar em cima da cama. Poder deixar tudo espalhado. Tomar banho de porta aberta. Reservar-se o direito de não atender o telefone fixo. Assistir ao canal de TV que ela bem entender. Ficar na internet por quantas horas achar conveniente. Dar end no celular de acordo com seu humor. Ir e vir de onde ela bem entender e na hora que ela bem entender. E com quem ela bem entender. Talvez ela até goste de comer miojo quando tem preguiça de sair pra almoçar nos finais de semana. E talvez ela prefira a companhia do seu passarinho na sua cama. Talvez tudo isso seja verdade. E talvez tudo isso passe. Mas fato é que a cidadã não vai abrir mão disso por pouca coisa. E que ela não troca suas tardes de domingo sozinha por tardes de domingo em companhia errada.

Esperança.

Eu, que não sei de tantas coisas, continuo crente no que, para os outros, parece incerto. Eu que sempre fui tão imediatista e fugaz, sento agora no cantinho mais confortável de mim, sem aquele desespero do começo, para esperar você.
Eu sei que você vem.

Sem Photoshop,

Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso.

Mudanças.

Mudei porque amadureci. Mudei porque passei por tantas e tão diversas experiências que consegui aprender com meus próprios erros. Mudei porque me decepcionei com amigos, porque me decepcionei com amores. Mudei porque conheci pessoas tão especiais que fui capaz de me inspirar por elas e me espelhar nelas para me tornar uma pessoa diferente. Talvez uma pessoa melhor.
O tempo passou e eu mudei. Nem tudo e nem todos me acompanharam. Mas valeu a pena.

Sem mais perguntas.

Esta noite não irei perguntar por que você voltou, por qual motivo bate à minha porta com olhos confusos e cheios de um vazio incalculável. A verdade é que nem mesmo você sabe. Não há explicação, compreende? Agora, mais do que nunca, será preciso encher o vazio de palavras. Pergunto-me por qual motivo você se foi, se sabia que a partida resultaria em uma imutável distância e que nessa distância a gente, irremediavelmente, perderia ou esqueceria tudo aquilo que construímos juntos. Você sabe, é na distância que a gente esquece ou se perde. E a gente esquece sabendo que está esquecendo.


quarta-feira, 18 de março de 2009

Desapego

Tenho costume de evitar qualquer apego sentimental. Se uma situação coloca em risco a minha liberdade, já é motivo para sufocar o meu pulmão. Eu não gosto de sentir falta de ar. Não é justo eu perder o ar para me perder. Se eu perco o ar eu perco a minha paz.
Gosto das coisas bem claras. Não me agrada saber que um sentimento pode nublar o meu dia, clarear a minha noite. E é por isso que eu evito. Evito começar qualquer relação para poupar desespero depois. Evito noites de paixão para poupar um possível amor. Evito receber para não ter a obrigação de retribuir. Evito felicidade para poupar tristeza.
Evito porque não sei lidar com perdas.

Não que eu me esquive sempre. Eu me permito momentaneamente. Tenho colo confortável quando preciso, posso escolher a dedo qual vai ser a minha companhia amanhã, tenho a disposição várias mãos quentes para segurar. E eu tento fazer isso bastar. Eu só não pretendo ter que segurar a mão agora para apertá-la depois. Não quero garantir segurança se a insegurança me domina.

É isso, sou insegura mesmo. E, por isso, não me permito. Eu me deixo levar até o momento que o chão começa a desaparecer e o precipício aparecer. Eu não quero me jogar. Eu dou meia-volta e largo a estrada. É bom caminhar sozinha.
Eu sigo intacta, ainda que toda esburacada. Sou assim, gosto de seguir adiante. Sem me amarrar a momentos, sem deixar mágoas. Apenas deixar.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

My way or the highway.

Meus amigos dizem que sou fria. Que tenho coração de gelo. De jeito nenhum! Sou apenas prática. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Até porque nunca tive talento pra auto-flagelação. Fui mimada a vida inteira, gosto de ser bem tratada. Exijo. Comigo, é do meu jeito. E se não tiver bom assim, querido, passe mais tarde. O produto é de boa qualidade e tem garantia. Não gostou? Devolve. Tem uma fila gigante lá fora só esperando a porta abrir.

Sem sobras,

Uma pessoa que comprou uma cama gigante para dormir sozinha. Que comprou lençóis brancos e um edredom de 2,80m para esquentar ela mesma. Uma pessoa que gosta da sua própria companhia. Uma pessoa que não ocupa o espaço sobrando na sua cama com pessoas que sobram na sua vida. Uma pessoa que também não vai ser sobra na vida de ninguém. E, sim, essa pessoa sou eu.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O ponto final sumiu.

A gente poderia ser interessante andando pela rua com suas mãos longilíneas e eu tão pequenininha. Você tão maduro e eu tão sapeca. De repente as pessoas poderiam olhar e pensar: lá vai mais um casal que não combina, mas, por isso mesmo, dá certo. Seria lindo (...)


(...) Mas aí, daqui uns dias, ele vai me ligar. Querendo tomar aquele suco de coco, querendo nos esconder como sempre, querendo me amar só enquanto ele pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque ele me lembra o mistério da vida. Ele lembra o mistério do amor. Simplesmente porque é assim que a gente faz com o nosso sentimento estranho: não entendemos nada, mas continuamos insistindo (....)


(...) E, então, ele me aperta como sempre, fala da minha pele macia e me diz: “Que é que você tem que eu sempre largo tudo e venho te ver?” Ele me olha sem parar, suspira a cada movimento que eu faço, cada semblante, cada segundo de raciocínio, ele está lá me observando encantado. E eu o aproveito até o fim. Eu não deixo nada passar. Porque eu sei que aquele momento vai demorar para se repetir. Eu não canso de olhar para aquele homem de riso fácil e palavras doces. É ele quem eu amo. Só pode ser ele. Eu me sinto tão feliz, mas sei que vou ficar vazia no dia seguinte e na semana inteira seguinte e no mês seguinte e até a próxima vez que ele me procurar. Sei que vou buscar outros abraços e outros risos só para preencher a enorme lacuna que ele deixa quando vai embora. Vou buscar me preencher de coisas que me esvaziam, só para tentar deixar de lado essa vontade que sinto por ele.

Eu busco forças no fundo da minha memória e faço um esforço para tentar lembrar: por que foi mesmo que a nossa história parou de acontecer? Por que ela acontece em partes? Eu não sei. Eu ainda me pergunto.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Arrumando as malas.

Estou fechando as malas e indo embora. E você vai ficar aí querendo ter dito o que não disse, querendo ter dado mais um abraço, querendo olhar nos olhos mais uma vez, querendo rir e ouvir aquele velho riso. Aquele que não é mais seu. Aquele que não sorri mais para você. Mas eu já estarei distante. E você? Arrependido. E tem mais, aposto que depois que eu virar as costas, você vai ficar apenas olhando, agarrado ao medo e as suas deduções errôneas. Sabe? Dá tempo ainda, mas tem que ser agora, já. Porque imaginar que eu vou ficar ali sentada pra sempre, é estupidez. Aquela sua velha estupidez.

Eu não vou esquecer nossas promessas, mas não vou poder ficar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Não pensa que eu fui por não te amar.

Adeus, você. Mais uma despedida imaginária, mais uma previsão de domingos solitários. A maior distância, o sonho impalpável. Adeus não combina com amor, com saudades, com esperanças. E é por isso que eu me despeço de novo - e pela última vez. Mesmo que eu sempre tente e nunca consiga, mesmo que eu não deva. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.

Só não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Guarde-me na memória, mais do que nas fotos.


"Se agüenta que eu vou pro meu lugar."

"Pra que minha vida siga adiante."

domingo, 19 de outubro de 2008

Sentir é queimar.

Ah, passa devagar os dedos no meu cabelo. Chega de passar, fica dessa vez. Encosta o rosto no meu. É teu. Fica, temos tempo. Faz tanto tempo. Deixa a chuva cair e o vidro embaçar. Encaixa o corpo no meu abraço. Deita a cabeça no meu colo. Cola. Espera mais um pouco. Já esperamos tanto. Deixa o dia dormir. Deixa as horas para lá. Vem. Vamos. Já sentimos isso antes. Abra a mão e fecha os olhos. Sentiu? Eu também. Toca meu coração com a mão quente. Espanta o inverno que insiste em esfriar. Quebra o gelo. Traz fogo. Vai arder?

Quero queimar.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Falso amor.

O falso amor é aquele que procura o outro quando precisa de um amor. É aquele que diz que ama, mas na verdade ama a sensação de amar. É aquele que diz se preocupar com o outro, quando a maior preocupação é mostrar-se preocupado. O falso amor é aquele que cuida quando é conveniente, quando dá tempo, quando é fácil. É aquele que faz jogo de ações e de palavras para ver até que ponto o amor do outro vai. É aquele que forja a atenção, quando, na verdade, está muito distante. O falso amor é aquele que se controla, que tem medidas pensadas. É aquele que ama o outro porque o outro é mais do que ele poderia pensar em ter. É aquele que se julga melhor, mais esperto, mais importante que o outro. O falso amor é aquele que fere e engana, mas acha que está fazendo o bem, ou faz parecer que está fazendo o bem. É aquele que quer se fazer presente para se tornar uma necessidade para o outro. É aquele que quer o amor do outro inteiramente para si, mas não pode e não quer fazer o mesmo. O falso amor é o que finge que quer o amor. É aquele que conta as histórias mais bonitas para que o outro sinta um amor que não existe. O falso amor é aquele que ama para ver como o outro se sente ao ser amado por ele. É aquele que ama sempre com o cérebro. É o aquele que não poupa esforços se quiser que o outro seja o seu amor por apenas um momento. É aquele que se orgulha de ser amado e não corresponder ao amor do outro. É aquele que ama para ter o que contar. O falso amor é aquele que parece incondicional, mas está tão arquitetado que um dia mostra as caras.

domingo, 10 de agosto de 2008

Despedida

Carta escrita em 04 de abril de 2008.

É estranho pensar em como tudo mudou tão rapidamente. Sentimentos que pareciam eternos foram evaporando com o tempo. Não deixo de pensar que talvez tenha sido culpa minha o rumo que as coisas tomaram. Mas aí eu me lembro que tentei, tentei até demais, e foi em vão. E a verdade é que eu também cansei de me culpar por tudo que deu errado. Meus melhores momentos foram ao teu lado. Foi difícil demais dizer adeus pra tudo isso. Dizer que não me importo seria uma mentira. Eu terei que aprender a viver sem você e não será fácil. Se bem que você facilitou bastante as coisas se afastando do jeito que afastou. Não tenho nem idéia do que você está fazendo agora, mas eu queria que estivesse comigo. Fazendo alguma coisa ou não fazendo nada. Tanto faz. Mas queria você aqui. Eu sempre achei que nada entre nós teria fim. Que independente do que acontecesse nossa história duraria pra sempre. E foi assim por um bom tempo. Entravam e saíam personagens na nossa trama, mas os protagonistas permaneciam os mesmos. Eu sempre pensei que talvez um dia você precisasse de mim como eu precisava de você. Tentei de tudo pra te fazer feliz. Te dei minha amizade, todo meu amor, meu carinho e meu coração. Mas não foi suficiente. Existia uma esperança que mantinha meus sonhos vivos e fazia com que eu não desistisse apesar das inúmeras derrotas. Fazia algum tempo que algo não estava certo. Talvez nós tenhamos demorado demais para perceber. Talvez algo já estivesse errado desde o começo e nós não quisemos enxergar. Eu não deveria ter deixado meus sentimentos chegarem assim tão longe. Fiquei totalmente dependente e vulnerável. Na verdade, eu deveria ter me afastado logo no início, mas não consegui. Tinha algo em você que sempre me atraía pra perto. Nós sempre nos demos bem desde o começo, isso não se pode negar. Algumas brigas se tornaram freqüentes. Os motivos? Os mesmos. O que incomodava tanto aqui dentro. E no fim de todas as nossas brigas, nós resolvemos relevar tudo e fingir que nada aconteceu. Infelizmente fazer isso pode funcionar na hora, mas com o passar do tempo as mágoas vão acumulando e chega uma hora que não dá mais para agüentar. Nosso jeito de resolver os problemas sempre foi bem prático: deixar de lado. Não que não tenha funcionado, mas nós nunca discutimos o que estava errado e o que fazer pra melhorar a situação. E acho que é assim que um relacionamento funciona. Talvez por esse modo mais prático de lidar com os problemas nossa relação foi se deteriorando. Entenda que eu não estou dizendo que o que passamos não significou nada pra mim, porque significou demais. Você esteve presente em todos os meus dias e eu me acostumei com isso. Perdi a conta de quantas vezes dormi pensando em você e em quantas outras acordei pensando em você. Durante esse tempo eu fui feliz como jamais fui em toda a minha vida. Eu encontrei em você tudo que procurava. Lembra do teu aniversário? Eu me empolguei tanto. Fiz três surpresas, querendo ver o teu sorriso florescer. Naquele dia você agradeceu e falou algo do gênero “prometo que vou fazer várias surpresas no teu aniversário também”. Mas, quando chegou o dia, confesso que você me decepcionou. Eu adoro receber presentes, você sabe. Mas presentes a gente recebe qualquer dia. Aniversário não é todo dia. Aniversário é um dia especial, pelo menos para mim. Pode parecer bobeira, mas esse teu ato de indiferença machucou bastante. E não era a 1ª vez que você tinha esse tipo de atitude comigo. Eu comecei a sentir o que eu já desconfiava: eu não era tão importante para você como no começo. Passei a ser uma personagem secundária e completamente substituível em meio a tantas outras atrações. E a sensação de estar em segundo plano não é nada agradável. Mas eu sempre procurei guardar as minhas tristezas para mim. Eu procurava evitar esse assunto porque tinha medo de te perder. Ele só vinha à tona quando realmente tava apertando muito aqui dentro. Tudo que eu fazia era pensando em te agradar. E você sempre me perguntava: e eu pedi pra você fazer isso? Não, você não pediu. Mas a vontade de te agradar era espontânea. Não me pergunte a razão desse comportamento porque eu não saberia explicar. Eu só queria que desse certo, porque eu amava você e era de verdade.A conseqüência disso tudo foi o esgotamento. Esgotei minhas tentativas de “recuperar” você de voltar para mim. As forças que eu ainda tinha para lutar pela gente, esgotaram. Eu tive que me convencer que o que aconteceu foi bom, mas que o final da nossa história tinha mudado e que nós não fizemos por merecer. Com certeza existem motivos pra eu continuar na luta, mas a neblina não me deixa vê-los. E se, no final de tudo, a luta não valer para nada? Como eu ficaria? Com as mãos vazias e sem você de volta para mim como foi um dia. Não é tão simples deixar as coisas pra trás. Nunca foi. Ainda mais se tratando de você.

Até mais.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Auto-suficiência.

Hoje o meu coração está em paz. Dentro do carro, olhando milhares de pessoas sorrindo, eu procuro entender os meus sentimentos e me dou conta que a paz têm prevalecido por aqui. Claro, não descartando os momentos de solidão, saudade e carência, mas hoje eu me sinto forte para dizer que não preciso mais do turbilhão de emoções que eu sempre necessitei e apreciei. Há alguns meses isso me traria desconforto e insatisfação, mas, dessa vez, não. Está sendo diferente. Dessa vez eu consigo ficar calma para pensar no que me desesperava e porque isso acontecia. A mesma calmaria que os sentimentos intensos me causavam, agora acontece pela falta deles. Tudo isso me faz perceber que eu sou tão auto-suficiente quanto eu gostaria e sempre preguei ser. Para me completar, eu mesma já me basto. A sensação de independência está começando a reinar aqui e até que estou convivendo bem com ela.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Solidão.



A solidão está doente, fraca e com as pernas tremendo. E compreendo que agora cabe ao amor fazer às vezes. pode ser que o amor e a solidão tenham pouco em comum, que tenham brigas desastrosas, atitudes estranhas e muito medo um do outro. A solidão é destinada a ficar só, mas o amor não deixa. O amor faz planos, e a solidão - fragilizada - dá as mãos pros sonhos e se deixa levar.

Acontece que a solidão já é acostumada a viver só, mas o amor não. E nesse tempo em que a solidão esteve exibindo suas fragilidades, o amor demonstrou um perigoso e desastrado apego. A solidão pode aceitar o amor, o amor não pode com a solidão. A solidão não é a melhor opção para o amor, mas no momento foi o que restou.
Entenda, amor, a solidão logo ficará sã e não precisará mais dos teus cuidados. A solidão foi feita pra ficar só, o amor não. Aproveite que a solidão se apresenta de forma tão apaziguadora e desarmada e segure forte sua mão. Caso contrário, te fará companhia o fracasso.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

E o vento levou.


Passei um bom tempo dos meus últimos dias tentando definir, em uma palavra, o momento que estou vivendo. Pensei, pensei e não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória. Mas, analisando os dias melancólicos, a palavra “repentino” pode entrar em pauta. Significados? “súbito”, “brusco”, “inesperado”. É, isso mesmo. Momentos e sentimentos com imenso valor perderam o seu significado depois que o vento passou por aqui e levou-os todos de uma só vez. Esse vento que veio não sei de onde e não sei porquê, mas levou os dias mais felizes da minha vida. Levou embora, como as folhas de outono, o colorido do meu despertar, a ansiedade do fim do dia e o sorriso que já morava por aqui. O mesmo vento levou de mim as palavras doces, o abraço quente, o sono acompanhado, as cócegas, o colo, o olhar apaixonado e um monte de planos, talvez, sinceros. Levou de mim o amor. E aqui fiquei eu com palavras frias, sem abraço, sem companhia na hora de dormir, sem planos, sem sonhos. sobrou eu e mais ninguém. de mãos atadas e pagando pelo que eu não fiz. Sentindo um aperto de dor, saudade e dúvida. A dúvida? Que vento foi esse que bagunçou toda a minha vida e não me explicou o porquê? De que direção ele veio que eu não consegui prever e impedir? Eu com certeza teria me doado mais para fazer o último mês ensolarado. Eu quero ter a chance de buscar o sol, independente de onde ele foi parar.

sábado, 1 de março de 2008

Ser feliz

Ninguém pode esperar um convite para ser feliz. A festa deve acontecer dentro do coração, diariamente. Não importa a cara do dia, não importa a cara do vizinho, não importa a própria cara. Quando aquela nuvem cinza e enorme do mau humor ou da tristeza começar a se aproximar, é só puxar aqueles arquivos preciosos da mente. Os sentimentos são uma resposta direta aos nossos pensamentos. É só lembrar da música maravilhosa que marcou aquele dia ensolarado; do papo gostoso que você teve com o amigo que não via há muito tempo; da sua turma se matando em função de um trabalho; daquele beijo roubado no meio do cinema; da tarde que você tomou banho de chuva na companhia de grandes amigos; da conversa que durou a madrugada inteira; do “eu te amo” ao telefone, no msn, na hora de dormir... É só lembrar, de olhos fechados, e a emoção se transforma. A felicidade está nas miudezas da vida, na costura delas, dia após dia, momento após momento. Essa é uma fórmula mágica. Ninguém pode esperar um convite para ser feliz. A vida não espera, tudo se atropela. Tem aquele ditado que diz: “se te dão um limão, faça uma limonada”.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Depois.

Sabe aquele velho jeitinho brasileiro que insiste em deixar tudo pra depois? Depois a gente continua a conversa inacabada, depois a gente resolve a briga boba, depois a gente fala o que sente, depois a gente fala o que ta faltando. Pra que agora? Para mim, a adrenalina é avessa aos sentimentos. Quando o coração bate forte não é hora de achar soluções. É hora de sentar e esperar essa poeira baixar, assim.. deixando o tempo ir apagando – como sempre. Eu me rendo à essa facilidade de adiar a solução para tudo o que cutuca aqui dentro. Mas, pensando bem, nada do que eu deixei pra depois foi solucionado. A briga, a conversa, o incômodo. Tudo isso vindo à tona o tempo todo em função de algum desleixo do meu pensamento ou algum desleixo do seu comportamento. Se o vento muda a direção, já é motivo pra eu buscar lá no fundo da memória qualquer fato que tenha me ferido. É injusto isso. É injusto comigo. Vou comprar uma tecla “delete” para usar no cérebro. Vai ver, assim, tudo de ruim que eu pensei que o tempo fosse apagar – e não conseguiu - vai para a lixeira e eu consigo dar a cara a tapa sem ficar me remoendo por dentro. Enquanto eu não acho a solução para essa minha caixinha de recordações nem sempre boas , eu deixo pra resolver depois.