sexta-feira, 11 de junho de 2010
vice e versa.
Rafael Ribeiro de Oliveira
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Eu sei, você sabe.
Existe um momento na vida de cada um em que é preciso separar tudo que você já viveu daquilo que está por vir.
Existe algo que ninguém pode notar. Ninguém, ninguém além de mim. E eu sei. Eu sei o que acontece quando te cobram demais, quando exigem de você coisas que você não pode dar.
Hoje, depois de tudo, não sei se há como esconder a insegurança da vontade de se deixar levar pelo momento. E acho que somente em momentos como esse, quando palavras se tornam desnecessárias, é que poderemos descobrir o que é ou não é real.
Ainda espero a minha resposta, ainda espero que a resposta venha de você. A minha parte já fiz, permanecendo aqui mesmo sem ter motivos para isso.
E eu não preciso provar mais nada para ninguém. E você não precisa provar mais nada para ninguém.
E somente eu sei o que acontece quando te cobram demais, quando exigem de você coisas que você não pode dar. E isso é algo que jamais farei.
Então, quando perguntarem o que nos liga ainda, depois de tanto tempo, permaneça em silêncio. É algo que só eu e você entendemos a complexidade, o tamanho.
E eu sei que a sua luta para tentar me esquecer durante todo esse tempo foi bem menor do que a vontade de ficar para sempre ao meu lado.
sábado, 4 de abril de 2009
Pela última vez.
Ele partiu sem nenhuma dor. Ela fechou a porta e sua vida continuou de onde estava. Pela primeira vez, ela fechava aquela porta sem sentar na escada e chorar por ele ter ido embora pra sempre. Pela primeira vez, ele saiu sem que ela o observasse partir com o coração apertado. Pela primeira vez, ele foi embora sem deixar uma gotinha de esperança de que ela pudesse tê-lo de volta na vida dela. Pela primeira vez, ele partiu sem que eles tivessem trocado mais do que um abraço apertado. Pela primeira vez, ele se foi sem que eles tivessem remexido o passado ou chorado porque alguma coisa não deu certo entre eles. Pela primeira vez, ele foi embora de verdade. Pela última vez, ele foi embora.
Aproveitando a solidão.
Talvez porque ela goste de chegar em casa sozinha. Tirar suas roupas e se jogar em cima da cama. Poder deixar tudo espalhado. Tomar banho de porta aberta. Reservar-se o direito de não atender o telefone fixo. Assistir ao canal de TV que ela bem entender. Ficar na internet por quantas horas achar conveniente. Dar end no celular de acordo com seu humor. Ir e vir de onde ela bem entender e na hora que ela bem entender. E com quem ela bem entender. Talvez ela até goste de comer miojo quando tem preguiça de sair pra almoçar nos finais de semana. E talvez ela prefira a companhia do seu passarinho na sua cama. Talvez tudo isso seja verdade. E talvez tudo isso passe. Mas fato é que a cidadã não vai abrir mão disso por pouca coisa. E que ela não troca suas tardes de domingo sozinha por tardes de domingo em companhia errada.
Esperança.
Eu, que não sei de tantas coisas, continuo crente no que, para os outros, parece incerto. Eu que sempre fui tão imediatista e fugaz, sento agora no cantinho mais confortável de mim, sem aquele desespero do começo, para esperar você.
Eu sei que você vem.
Sem Photoshop,
Só ele conheceu uma mulher corajosa que admitiu todos os medos, todas as neuroses, todas as inseguranças, toda a parte feia e real que todo mundo quer esconder com chapinhas, peitos falsos, bundas falsas, bebidas, poses, frases de efeito, saltos altos, maquiagem e risadas altas. Ninguém nunca me viu tão nua e transparente como você, ninguém nunca soube do meu medo de nadar em lugares muito profundos, de amar demais, de se perder um pouco de tanto amar, de não ser boa o suficiente. Só ele viu meu corpo de verdade, minha alma de verdade, meu prazer de verdade, meu choro baixinho embaixo da coberta. Só para ele eu me desmontei inteira porque confiei que ele me amaria mesmo eu sendo desfigurada, intensa e verdadeira, como um quadro do Picasso.
Mudanças.
Mudei porque amadureci. Mudei porque passei por tantas e tão diversas experiências que consegui aprender com meus próprios erros. Mudei porque me decepcionei com amigos, porque me decepcionei com amores. Mudei porque conheci pessoas tão especiais que fui capaz de me inspirar por elas e me espelhar nelas para me tornar uma pessoa diferente. Talvez uma pessoa melhor.
O tempo passou e eu mudei. Nem tudo e nem todos me acompanharam. Mas valeu a pena.
Sem mais perguntas.
Esta noite não irei perguntar por que você voltou, por qual motivo bate à minha porta com olhos confusos e cheios de um vazio incalculável. A verdade é que nem mesmo você sabe. Não há explicação, compreende? Agora, mais do que nunca, será preciso encher o vazio de palavras. Pergunto-me por qual motivo você se foi, se sabia que a partida resultaria em uma imutável distância e que nessa distância a gente, irremediavelmente, perderia ou esqueceria tudo aquilo que construímos juntos. Você sabe, é na distância que a gente esquece ou se perde. E a gente esquece sabendo que está esquecendo.
quarta-feira, 18 de março de 2009
Desapego
Tenho costume de evitar qualquer apego sentimental. Se uma situação coloca em risco a minha liberdade, já é motivo para sufocar o meu pulmão. Eu não gosto de sentir falta de ar. Não é justo eu perder o ar para me perder. Se eu perco o ar eu perco a minha paz.
Gosto das coisas bem claras. Não me agrada saber que um sentimento pode nublar o meu dia, clarear a minha noite. E é por isso que eu evito. Evito começar qualquer relação para poupar desespero depois. Evito noites de paixão para poupar um possível amor. Evito receber para não ter a obrigação de retribuir. Evito felicidade para poupar tristeza.
Evito porque não sei lidar com perdas.
Não que eu me esquive sempre. Eu me permito momentaneamente. Tenho colo confortável quando preciso, posso escolher a dedo qual vai ser a minha companhia amanhã, tenho a disposição várias mãos quentes para segurar. E eu tento fazer isso bastar. Eu só não pretendo ter que segurar a mão agora para apertá-la depois. Não quero garantir segurança se a insegurança me domina.
É isso, sou insegura mesmo. E, por isso, não me permito. Eu me deixo levar até o momento que o chão começa a desaparecer e o precipício aparecer. Eu não quero me jogar. Eu dou meia-volta e largo a estrada. É bom caminhar sozinha.
Eu sigo intacta, ainda que toda esburacada. Sou assim, gosto de seguir adiante. Sem me amarrar a momentos, sem deixar mágoas. Apenas deixar.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
My way or the highway.
Meus amigos dizem que sou fria. Que tenho coração de gelo. De jeito nenhum! Sou apenas prática. A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Até porque nunca tive talento pra auto-flagelação. Fui mimada a vida inteira, gosto de ser bem tratada. Exijo. Comigo, é do meu jeito. E se não tiver bom assim, querido, passe mais tarde. O produto é de boa qualidade e tem garantia. Não gostou? Devolve. Tem uma fila gigante lá fora só esperando a porta abrir.
Sem sobras,
Uma pessoa que comprou uma cama gigante para dormir sozinha. Que comprou lençóis brancos e um edredom de 2,80m para esquentar ela mesma. Uma pessoa que gosta da sua própria companhia. Uma pessoa que não ocupa o espaço sobrando na sua cama com pessoas que sobram na sua vida. Uma pessoa que também não vai ser sobra na vida de ninguém. E, sim, essa pessoa sou eu.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
O ponto final sumiu.
A gente poderia ser interessante andando pela rua com suas mãos longilíneas e eu tão pequenininha. Você tão maduro e eu tão sapeca. De repente as pessoas poderiam olhar e pensar: lá vai mais um casal que não combina, mas, por isso mesmo, dá certo. Seria lindo (...)
(...) Mas aí, daqui uns dias, ele vai me ligar. Querendo tomar aquele suco de coco, querendo nos esconder como sempre, querendo me amar só enquanto ele pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque ele me lembra o mistério da vida. Ele lembra o mistério do amor. Simplesmente porque é assim que a gente faz com o nosso sentimento estranho: não entendemos nada, mas continuamos insistindo (....)
(...) E, então, ele me aperta como sempre, fala da minha pele macia e me diz: “Que é que você tem que eu sempre largo tudo e venho te ver?” Ele me olha sem parar, suspira a cada movimento que eu faço, cada semblante, cada segundo de raciocínio, ele está lá me observando encantado. E eu o aproveito até o fim. Eu não deixo nada passar. Porque eu sei que aquele momento vai demorar para se repetir. Eu não canso de olhar para aquele homem de riso fácil e palavras doces. É ele quem eu amo. Só pode ser ele. Eu me sinto tão feliz, mas sei que vou ficar vazia no dia seguinte e na semana inteira seguinte e no mês seguinte e até a próxima vez que ele me procurar. Sei que vou buscar outros abraços e outros risos só para preencher a enorme lacuna que ele deixa quando vai embora. Vou buscar me preencher de coisas que me esvaziam, só para tentar deixar de lado essa vontade que sinto por ele.
Eu busco forças no fundo da minha memória e faço um esforço para tentar lembrar: por que foi mesmo que a nossa história parou de acontecer? Por que ela acontece em partes? Eu não sei. Eu ainda me pergunto.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Arrumando as malas.
Estou fechando as malas e indo embora. E você vai ficar aí querendo ter dito o que não disse, querendo ter dado mais um abraço, querendo olhar nos olhos mais uma vez, querendo rir e ouvir aquele velho riso. Aquele que não é mais seu. Aquele que não sorri mais para você. Mas eu já estarei distante. E você? Arrependido. E tem mais, aposto que depois que eu virar as costas, você vai ficar apenas olhando, agarrado ao medo e as suas deduções errôneas. Sabe? Dá tempo ainda, mas tem que ser agora, já. Porque imaginar que eu vou ficar ali sentada pra sempre, é estupidez. Aquela sua velha estupidez.
Eu não vou esquecer nossas promessas, mas não vou poder ficar.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Não pensa que eu fui por não te amar.
Adeus, você. Mais uma despedida imaginária, mais uma previsão de domingos solitários. A maior distância, o sonho impalpável. Adeus não combina com amor, com saudades, com esperanças. E é por isso que eu me despeço de novo - e pela última vez. Mesmo que eu sempre tente e nunca consiga, mesmo que eu não deva. O fim do amor é ainda mais triste do que o nosso fim.
Só não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Guarde-me na memória, mais do que nas fotos.
"Se agüenta que eu vou pro meu lugar."
"Pra que minha vida siga adiante."
domingo, 19 de outubro de 2008
Sentir é queimar.
Ah, passa devagar os dedos no meu cabelo. Chega de passar, fica dessa vez. Encosta o rosto no meu. É teu. Fica, temos tempo. Faz tanto tempo. Deixa a chuva cair e o vidro embaçar. Encaixa o corpo no meu abraço. Deita a cabeça no meu colo. Cola. Espera mais um pouco. Já esperamos tanto. Deixa o dia dormir. Deixa as horas para lá. Vem. Vamos. Já sentimos isso antes. Abra a mão e fecha os olhos. Sentiu? Eu também. Toca meu coração com a mão quente. Espanta o inverno que insiste
Quero queimar.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Falso amor.
O falso amor é aquele que procura o outro quando precisa de um amor. É aquele que diz que ama, mas na verdade ama a sensação de amar. É aquele que diz se preocupar com o outro, quando a maior preocupação é mostrar-se preocupado. O falso amor é aquele que cuida quando é conveniente, quando dá tempo, quando é fácil. É aquele que faz jogo de ações e de palavras para ver até que ponto o amor do outro vai. É aquele que forja a atenção, quando, na verdade, está muito distante. O falso amor é aquele que se controla, que tem medidas pensadas. É aquele que ama o outro porque o outro é mais do que ele poderia pensar em ter. É aquele que se julga melhor, mais esperto, mais importante que o outro. O falso amor é aquele que fere e engana, mas acha que está fazendo o bem, ou faz parecer que está fazendo o bem. É aquele que quer se fazer presente para se tornar uma necessidade para o outro. É aquele que quer o amor do outro inteiramente para si, mas não pode e não quer fazer o mesmo. O falso amor é o que finge que quer o amor. É aquele que conta as histórias mais bonitas para que o outro sinta um amor que não existe. O falso amor é aquele que ama para ver como o outro se sente ao ser amado por ele. É aquele que ama sempre com o cérebro. É o aquele que não poupa esforços se quiser que o outro seja o seu amor por apenas um momento. É aquele que se orgulha de ser amado e não corresponder ao amor do outro. É aquele que ama para ter o que contar. O falso amor é aquele que parece incondicional, mas está tão arquitetado que um dia mostra as caras.
domingo, 10 de agosto de 2008
Despedida
Carta escrita em 04 de abril de 2008.
É estranho pensar em como tudo mudou tão rapidamente. Sentimentos que pareciam eternos foram evaporando com o tempo. Não deixo de pensar que talvez tenha sido culpa minha o rumo que as coisas tomaram. Mas aí eu me lembro que tentei, tentei até demais, e foi
Até mais.
terça-feira, 17 de junho de 2008
Auto-suficiência.
Hoje o meu coração está
terça-feira, 27 de maio de 2008
Solidão.
A solidão está doente, fraca e com as pernas tremendo. E compreendo que agora cabe ao amor fazer às vezes. pode ser que o amor e a solidão tenham pouco em comum, que tenham brigas desastrosas, atitudes estranhas e muito medo um do outro. A solidão é destinada a ficar só, mas o amor não deixa. O amor faz planos, e a solidão - fragilizada - dá as mãos pros sonhos e se deixa levar.
Acontece que a solidão já é acostumada a viver só, mas o amor não. E nesse tempo em que a solidão esteve exibindo suas fragilidades, o amor demonstrou um perigoso e desastrado apego. A solidão pode aceitar o amor, o amor não pode com a solidão. A solidão não é a melhor opção para o amor, mas no momento foi o que restou.
Entenda, amor, a solidão logo ficará sã e não precisará mais dos teus cuidados. A solidão foi feita pra ficar só, o amor não. Aproveite que a solidão se apresenta de forma tão apaziguadora e desarmada e segure forte sua mão. Caso contrário, te fará companhia o fracasso.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
E o vento levou.
Passei um bom tempo dos meus últimos dias tentando definir, em uma palavra, o momento que estou vivendo. Pensei, pensei e não cheguei a nenhuma conclusão satisfatória. Mas, analisando os dias melancólicos, a palavra “repentino” pode entrar
sábado, 1 de março de 2008
Ser feliz
Ninguém pode esperar um convite para ser feliz. A festa deve acontecer dentro do coração, diariamente. Não importa a cara do dia, não importa a cara do vizinho, não importa a própria cara. Quando aquela nuvem cinza e enorme do mau humor ou da tristeza começar a se aproximar, é só puxar aqueles arquivos preciosos da mente. Os sentimentos são uma resposta direta aos nossos pensamentos. É só lembrar da música maravilhosa que marcou aquele dia ensolarado; do papo gostoso que você teve com o amigo que não via há muito tempo; da sua turma se matando em função de um trabalho; daquele beijo roubado no meio do cinema; da tarde que você tomou banho de chuva na companhia de grandes amigos; da conversa que durou a madrugada inteira; do “eu te amo” ao telefone, no msn, na hora de dormir... É só lembrar, de olhos fechados, e a emoção se transforma. A felicidade está nas miudezas da vida, na costura delas, dia após dia, momento após momento. Essa é uma fórmula mágica. Ninguém pode esperar um convite para ser feliz. A vida não espera, tudo se atropela. Tem aquele ditado que diz: “se te dão um limão, faça uma limonada”.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Depois.
Sabe aquele velho jeitinho brasileiro que insiste em deixar tudo pra depois? Depois a gente continua a conversa inacabada, depois a gente resolve a briga boba, depois a gente fala o que sente, depois a gente fala o que ta faltando. Pra que agora? Para mim, a adrenalina é avessa aos sentimentos. Quando o coração bate forte não é hora de achar soluções. É hora de sentar e esperar essa poeira baixar, assim.. deixando o tempo ir apagando – como sempre. Eu me rendo à essa facilidade de adiar a solução para tudo o que cutuca aqui dentro. Mas, pensando bem, nada do que eu deixei pra depois foi solucionado. A briga, a conversa, o incômodo. Tudo isso vindo à tona o tempo todo em função de algum desleixo do meu pensamento ou algum desleixo do seu comportamento. Se o vento muda a direção, já é motivo pra eu buscar lá no fundo da memória qualquer fato que tenha me ferido. É injusto isso. É injusto comigo. Vou comprar uma tecla “delete” para usar no cérebro. Vai ver, assim, tudo de ruim que eu pensei que o tempo fosse apagar – e não conseguiu - vai para a lixeira e eu consigo dar a cara a tapa sem ficar me remoendo por dentro. Enquanto eu não acho a solução para essa minha caixinha de recordações nem sempre boas , eu deixo pra resolver depois.